Fernando de Noronha: o Paraíso é Aqui

Noronha é cara. A passagem é cara, as pousadas são caras, a comida é cara. Talvez tenha sido isso que tenha adiado nossos planos de conhecer a ilha por tanto tempo. Mas depois te ter ido, afirmo com a maior tranquilidade: o lugar vale cada um dos seus muitos centavos investidos.

Pois é, sou mais uma das muitas pessoas que vão te falar que não existe lugar como Fernando de Noronha.  Vou fazer coro com a totalidade das pessoas que conheço que amaram o lugar. Aliás, ainda estou pra conhecer alguém que tenha ido e não tenha gostado.

No quesito beleza, em relação aos lugares que eu conheço, as praias só perderam pra um lugar específico da Tailândia, a Lagoa Azul. Mas não dá pra comparar uma ilha inteira com um pedaço de mar. A hora que coloco na balança o clima da ilha, não tem pra ninguém! Poder se locomover de buggy na BR, com o vento batendo no cabelo, olhando pro lado e vendo uma natureza maravilhosa, dá uma sensação indescritível.

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A BR cortando a ilha

Além do mais, como são poucos visitantes por vez na ilha, você acaba conhecendo quase mundo por lá e está todo mundo num clima tão bom, que a convivência surge naturalmente. Não sou das mais sociáveis, mas tenho até hoje o telefone do pessoal que estava na nossa pousada, o e-mail de algumas pessoas que conhecemos no jantar do Palhoça (vou indicar mais pra frente) e as dicas de filtro da go-pro de um menino que estava no nosso barco do mergulho, que anotei atentamente já convencida de que ia fazer o curso depois de ter mergulhado pela primeira vez hahaha.

Paguei a língua, sempre achei que esses comentários todos fossem exagero das pessoas, mas voltei tão empolgada com a ilha que só ficava falando dela por uma semana! Tive até uma certa depressão na minha primeira semana pós Noronha.

Pra esse post não ficar muito grande, vou colocar aqui as dicas mais práticas e reservar um outro post para a parte das praias e passeios.

– Antes de Chegar

As linhas aéreas que fazem voos a Noronha são Gol e Azul. Você pode ir de Recife ou de Natal.

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A BR cortando a ilha

Se quiser evitar filas no aeroporto (os voos chegam quase no mesmo horário), vale a pena já ir com a taxa de conservação da ilha paga. Nesse site dá pra fazer a simulação do preço dependendo da sua estadia e pagar.

** Além da taxa de conservação, há uma nova taxa da ilha, para a entrada no parque nacional marinho. O detalhe é que a grande maioria das praias está nesse parque e você precisa estar com seu cartãozinho se quiser passar pelo controle de entrada. Custa R$75,00 para brasileiros e R$150,00 para estrangeiros. Na hora de pagar, dá raiva por pagar “de novo”, mas pelo menos esse dinheiro está sendo investido para a melhoria da infra de algumas praias. No Sueste e no Sancho, por exemplo, há chuveiros com água doce na saída e passarelas de madeira pro fluxo de turistas não ir estragando a vegetação.

– Quando Ir

A primeira coisa a se pensar ao planejar uma viagem a Noronha é a melhor época para ir. A resposta é que Noronha pode ser visitada o ano todo. “A” melhor época depende do seu objetivo.

Época de Chuvas. A época de seca é setembro a fevereiro, as chuvas vão de março a agosto. Como fomos em maio, estava bem preocupada, mas li que as chuvas não duram o dia inteiro e que dá pra aproveitar mesmo assim. Chegamos na ilha com uma previsão de chuva para a semana inteira, mas os 5 dias que passamos por lá estava um sol de rachar e não vimos um pingo de água cair do céu.

O lado bom dessa época é que é baixa temporada, então os preços ficam (um pouco) mais em conta. Pegamos uma promoção chamada Noronha +, que dava desconto de 10% em quase todos os restaurantes. Os passeios nas agências também estavam com desconto de 15%.

Condições do Mar. De abril a outubro, o mar de dentro fica mais calmo. Dezembro e março é a época de ondas.

** A maioria das praias mais famosas ficam no mar de dentro: Baía dos Porcos, Praia do Sancho, Cacimba do Padre, Praia do Porto, Praia do Cachorro, Praia da Conceição, Praia do Boldró, etc. Das praias do mar de fora, as mais famosas são Sueste e Praia do Leão (essa última, perigosa para banho).

Se você não procura surf, recomendo muito que vá na época de calmaria do mar de dentro. Conversando com as pessoas da ilha, todas falaram que a melhor época é setembro e outubro, meses em que o mar parece uma piscina.

Nos dois primeiros dias que chegamos, achei tudo lindo, mas o mar em si me decepcionou um pouco. Todo mundo tinha falado tanto da cor da água de Noronha e eu estava achando bem mais ou menos. Descobri o porquê logo: tinha entrado um swell (como os surfistas e o pessoal da ilha chamam várias séries de ondas) que deixou o mar totalmente mexido. O resultado foi a areia do fundo do mar levantada e uma água com pouca visibilidade.

No terceiro dia, o mar acalmou e entendi o motivo de tanta empolgação das pessoas com a ilha. A água é clara demais e a visibilidade é absurda! Eu, que de vida marinha só me interessava por tartarugas, já estava enlouquecida com minha máscara e meu snorkel, procurando todos os peixes possíveis.

** Já aproveito pra deixar uma dica. Leve seu snorkel e sua máscara. Se não tiver, compre. Garanto que o preço que você pagará pelo equipamento fora da ilha será mais barato do que se fosse alugar todos os dias por lá.

– Locomoção

Buggy é a melhor forma pra se locomover na ilha. Como as coisas são muito espalhadas, fica difícil fazer tudo à pé. O aluguel é caro (cerca de uns 100 por dia, variando pra mais ou pra menos), mas vale a pena. Te dá a liberdade de ir para onde quiser, na hora que quiser.

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Paisagem no retrovisor do buggy

*Update 2018: há um site onde é possível pegar o contato de whatsaap de várias empresas de buggy, para comparar preços e reservar com antecedência: https://www.buggyemnoronha.com.br/ 

Se não quiser gastar, há um ônibus que passa na BR e para em quase todas as praias. O ônibus é bem bom, o único inconveniente é que você tem que ficar esperando (ele passa mais ou menos a cada meia hora ou um pouco menos).

Outra forma bem popular é a carona. Não se assuste se alguém te oferecer carona se estiver à pé ou te pedir carona se estiver de buggy. É um hábito comum na ilha.

** Pode dar a carona sem medo. Noronha é bem segura de forma geral, porque todo mundo se conhece e não tem pra onde fugir. Os guias só avisam pra ficar de olho nas coisas que você deixa na areia pra ir pro mar e pra não deixar nunca as coisas dentro do buggy e ir pra praia.

Se quiser, também há a opção de ir de taxi, mas saiba que a corrida começa em 15 reais. Se for usar o taxi como meio de transporte, fique com o telefone do ponto, porque eles não costumam circular pela ilha, só quando você liga.

 – Onde Ficar

Todo mundo recomenda ficar ou na Vila dos Remédios ou na Floresta Nova, se não quiser depender de carro pra fazer as coisas à noite. Por coisas à noite, leia-se jantar. Não tem mais nada pra fazer por lá (além do forró no Bar do Cachorro).

Ali na Vila dos Remédios, tem o restaurante Flamboyant, uma pizzaria/açaí e um restaurante por quilo. Da Floresta Nova, dá pra ir à pé pra V. Remédios ou comer no ótimo Dona Xica. Mas a verdade é que os demais restaurantes ficam espalhados pela ilha. Se não quiser comer sempre no mesmo lugar, você terá que pegar seu buggy, um taxi ou o ônibus.

Assim, eu cheguei à conclusão que não importa muito o lugar da pousada (principalmente se você estiver de buggy).

Nós iriamos ficar na Pousada Alamoa, mas o Booking.com nos avisou que tinha dado overbooking antes de irmos e acabamos trocando para a Pousada Verdes Mares (o booking, aliás, arcou com a diferença de preço). A pousada é bem arrumadinha, tem ar-condicionado e um café da manhã muito bom feito pelas meninas de lá. Mas é simples, nada de luxo. Não tem recepção, se precisar de alguma coisa, tem que pedir pra Conceição (que fica na cozinha) tentar te ajudar.  À noite, ficam só os hóspedes e você pode usar a cozinha se quiser jantar por lá. Se gostar de animais, a pousada ainda conta com a Scarlet, uma gatinha que tem certeza que é uma cachorra.

Obs. Débora: Eu fiquei em uma pousada bem simples ao lado do Projeto Tamar, longe da Vila dos Remédios. Embora não recomende especificamente a pousada (só para constar: chamava-se Alewafi – mas eu tive problema com todos os passeios que combinei com eles!), a localização não foi ruim. Apesar de, como a Maíra falou, precisar de buggy  (ou no meu caso, de carona ou ônibus!) pra ir aos restaurantes, todas as noites eu ia a pé às palestras promovidas pelo Tamar. Cada dia é abordado um tema diferente e, normalmente são bem instrutivas. Eu tive a sorte de ver ótimos palestrantes e, por isso, mesmo se você estiver em outra região, recomendo o programa antes do jantar!

– Restaurantes

Há muitos restaurantes bons em Noronha. Com apenas uma exceção, comemos MUITO bem em todas as nossas refeições. Vou dar a dica aqui dos que conheci. Nenhum é barato, comer lá é caro mesmo, chega a ser mais caro que restaurantes bons de SP.

Zé Maria. Começando pelo restaurante mais famoso da ilha e minha única decepção. Já tinha lido muito que o Festival Gastronômico era horrível e que valia mais a pena ir num dia normal. Então, fugimos do festival e escolhemos um dia à la carte para provar. Ninguém gostou. Pra começar, o camarão era só meio limpo. Eles tiravam a casca, mas não abriam as costas pra tirar aquele filete preto. Como eu sempre pergunto essa informação antes de pedir, escolhi um peixe. Não é que não era bom, era ruim. Ruim mesmo, eu nem comi. Pedi um brownie de sobremesa e, não sei como, eles também conseguiram errar hahaha (esse estava só na categoria “não bom”, porque o dia que eu achar algum doce ruim, pode me internar). Enfim, o restaurante divide opiniões. Tem gente que ama, tem gente que odeia. Pode ser que não demos sorte nos pratos. Se quiser ir pro festival, é importante fazer reserva com bastante antecedência.

Update 2018: dessa vez voltei ao Zé Maria para o festival gastronômico. Sinceramente, minha opinião sobre a comida não mudou, mas achei o festival legal pela experiência e animação.  

Mergulhão. Restaurante que faz bastante sucesso na ilha, tanto pela comida, como pelo ambiente. Ele fica de frente pra Praia do Porto. O gostoso é deixar pra almoçar mais tarde dentro do restaurante e depois passar para as mesas com almofadas no chão do jardim, onde dá pra ficar bebendo e vendo o pôr do sol.

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Por do sol no Mergulhão

Varanda. Eu nem tinha lido muitas recomendações sobre ele. Mas no dia que fomos fazer o mergulho, era a unanimidade de indicações do pessoal do barco. Decidimos almoçar por lá no mesmo dia. Escolhemos o bobó de camarão (dessa vez, bem limpinho), que estava surreal de bom. O restaurante tem uma farofa de pão de alho que é de comer rezando. O prato mais famoso é um gratinado de frutos do mar, mas o bobó era tão bom que não conseguimos não pedir de novo quando voltamos. Foi meu restaurante preferido no quesito comida e, conversando com amigos depois, todo mundo fala muito bem dele!

Cacimba Bistro. Começou com o mesmo dono do Varanda e mudou de dono, mas segue a mesma qualidade de comida. Comi um bobó de lagosta que estava muito bom! O brownie também é imperdível pra quem curte doce! Ele fica na Vila dos Remédios e é mais legal para jantar, quando os ambientes estão mais frescos e ele abrem o lounge. 

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Lounge do Cacimba Bistro

Xica da Silva. É um restaurante de comida brasileira que ficava pertinho da nossa pousada (Floresta Nova). Nós provamos um camarão na moranga muito bom!

Restaurante da Pousada Maravilha. Tem uma vista bonita em direção ao Sueste e um ambiente bonito. A comida também era bem gostosa. Indico o trio de tapioca de entrada (que estavam todas gostosas) e o risoto de camarão. Não achei tão mais caro que os outros restaurantes da ilha, mas a quantidade de comida é menor.

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Vista do restaurante

* Dica da Karine: Programe-se para ir no restaurante da Maravilha à tarde. Almoçar com essa vista faz toda a diferença. Fomos lá jantar e não foi nada além de um jantar gostosinho em um ambiente legal (o que vc encontra em qualquer cidade grande).

Bar do Meio. O bar do meio fica entre a Praia do Meio e a Praia da Conceição e é super concorrido no final do dia para assistir o por do sol, que é lindo! Se gostar de agito, aos domingo há o Depois da Missa, uma festinha com uma banda excelente e super animada.

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Por do Sol no Bar do Meio

Palhoça da Colina. É um restaurante na casa de um morador da ilha, o Tinho. O jantar é preparado por ele, com a ajuda do seu filho. É uma mesona coletiva, com almofadas no chão e  iluminação de velas. O preço único inclui três peixes e vários acompanhamentos à vontade (tudo muito gostoso), além de água. Se quiser bebida alcóolica, tem caipirinhas e cerveja à parte. Se você fizer muita questão de vinho naquele calor, pode levar o seu. Durante o jantar, todo mundo que está na mesa interage e é super bom pra trocar dicas de programas legais na ilha. No fim da noite, o Tinho senta na mesa e vai contando várias histórias. Eu adorei, parecia fomos jantar na casa de um amigo.  Vale a pena fazer reserva.

Update 2018: o Palhoça da Colina não sei se ainda existe. Nesse mesmo estilo, surgiu o Mesa da Ana. Não consegui reservar porque estava cheio, mas ouvi ótimas recomendações. 

Açaí do Mundo Verde. O Mundo Verde é o ponto de encontro dos surfistas à noite. Como era pertinho da nossa pousada, nós íamos quase todo dia, porque o melhor açaí da ilha é servido lá. Pode ser só açaí, açaí com creme de cupuaçu (muito bom) ou açaí com sorvete de tapioca (se você é fã de leite condensado como eu, vai ficar viciado nessa  mistura – sinto falta até hoje).

* Dica da Karine:

Restaurante Teju-Açu: Fica dentro da pousada de mesmo nome, perto da Praia da Conceição, no meio da Mata Atlântica. As mesas ficam ao lado da piscina e o ambiente é uma graça. Não sou uma pessoa boa para indicar pratos porque meu gosto é normalmente bem diferente do de todo mundo, já para doces…hummm…não deixe de provar o MARAVILHOSO petit gateau de goiabada com recheio cremoso de requeijão.

** Continua aqui, com as dicas das praias.