Petra

De todos os lugares que já visitei, Petra foi, sem dúvida, um dos mais impressionantes, daqueles de arrepiar e ficar boquiaberta. Fomos pra lá em setembro de 2013, aproveitando uma viagem à Israel (post aqui).

O complexo de Petra fica na cidade jordaniana de Wadi Musa, que vive praticamente em função do turismo das ruínas. Famosa pelas gigantescas construções perfeitamente esculpidas nas rochas cor-de-rosa, Petra tornou-se Patrimônio Mundial da UNESCO em 1985 e foi eleita em 2007 uma das novas 7 maravilhas do mundo.

A antiga cidade foi fundada por volta do século VI a.C. pelos Nabateus, um povo árabe nômade que se fixou na região para estabelecer uma rota comercial importante em direção à Síria. As influências dos lugares por onde passaram estão evidentes nas construções que misturam características greco-romanas e orientais.

Apesar das tentativas de invasão, a cidade ficou sob controle dos Nabateus até I d.C quando finalmente foi conquistada pelos romanos. Após a queda do império, Petra passou pelas mãos dos bizantinos e, após dois fortes terremotos, ficou praticamente esquecida, apenas habitada e protegida por beduínos locais (por isso também é conhecida como “Cidade Perdida”). Em 1812, foi “descoberta” por um explorador suíço que conseguiu entrar na cidade fortemente guardada fingindo ser um árabe da Índia que queria fazer um sacrifício no túmulo do Profeta Aarão (irmão de Moisés que teria sido enterrado em um monte próximo à Petra).

O local então, passou a ser estudado por arqueólogos e foi aberto à visitação. Hoje, o complexo – denominado Parque Arqueológico de Petra – é a principal atração turística da Jordânia e oferece uma ótima estrutura para o turista. O filme “Indiana Jones e a Ultima Cruzada” de 1989, certamente deu uma forcinha para divulgação do turismo por lá!

– Como chegar:

 A Jordânia faz fronteira com Israel, Síria, Arábia Saudita e Iraque, sendo também possível acessar facilmente o país pelo Egito.

 Nós fomos por Israel, pegando a fronteira sul – Araba Border que fica na cidade de Eilat. Fomos de avião de Tel Aviv a Eilat (cia Arkia), pegamos um táxi no aeroporto que nos deixou na fronteira (fica a 5 min do aeroporto). Atravessamos a fronteira a pé (isso mesmo!! Rsrsr) e do outro lado já havia um táxi esperando para nos levar à Petra. Há diversos taxistas que ficam esperando do lado jordaniano da fronteira, mas fechamos o táxi com antecedência direto com o hotel. O trajeto entre a fronteira e Petra leva cerca de 2 horas.

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Vindo de Israel, há mais duas fronteiras. A Allenby/Rei Hussein, próxima à Jerusalém e a e Sheikh Hussein, um pouco mais acima, ambas mais próximas de Jerusalém do que a que usamos.

Escolhemos a fronteira de Araba, em Eilat por dois motivos (i) iríamos atravessar a fronteira em um feriado (Rosh Hashana) e ninguém sabia nos informar se os postos da fronteira estariam abertos neste dia e (ii) ouvi alguns relatos de pessoas com dificuldade de obter o visto nas fronteiras (obs: na Allenby/Rei Hussein não há posto de imigração, é necessário tirar o visto antes, nas outras duas há como tirar o visto na hora).

A fronteira de Eilat é a mais “turística”. Há vários passeios que saem da cidade para uma visita de um dia à Petra, então achamos mais seguro.

Vale lembrar também que não é possível atravessar a fronteira Allenby/Rei Hussein de carro. Nas outras fronteiras é possível, mas há um trâmite específico para troca de placa… se for esta sua opção, informe-se melhor antes de ir!

Na fronteira, paga-se uma taxa e o visto. Em agosto de 2013 tido ficou cerca de 30 JD (equivalente a uns US$ 40,00). Na fronteira de Eilat há um posto de câmbio, mas é recomendável já ter esse dinheiro antes, para caso o posto não esteja aberto.

 No aeroporto de Amã também há um posto de vistos. De Amã à Petra são cerca de 3 horas de carro.

Informações úteis:

Idioma: árabe

Moeda: Dinar jordaniano (JD) – equivale a uns US$1,5 e é bom ter um pouco de dinheiro em espécie para gorjetas e lanches.

Visto: É necessário, é possível obter na maior parte das fronteiras e no aeroporto.

Melhor época para visitar: Abril/Maio e Setembro/Outubro

** Dica especial: Demos sorte. O taxista indicado pelo hotel era super simpático. Era guia também e estava montando uma agencia de viagens dele. Ele nos deu várias dicas que fizeram toda a diferença! No final, ainda preparou de cortesia um jantar típico beduíno. Nos lugares muito turísticos sempre há aqueles “guias” espertos que fazem de tudo para tirar uma graninha do turista né? Em destinos mais exóticos, o receio de cair numa roubada fica ainda maior…por isso essa dica é bem útil! Seguem , então, os contatos do Faleh, que indico de olhos fechados: Faleh El-Salamin – agência Beduin Desert Joy

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– Onde ficar:

Na cidade de Wadi Musa, a única atração é Petra. Vale a pena, então, ficar perto da entrada do parque.

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Há várias opções de hotéis bem próximos à entrada e os preços são super convidativos. Escolhemos o Petra Palace Hotel, pela proximidade – fica a 2 minutos a pé da entrada do parque – e pelo preço. Foi muito mais barato do que qualquer hotel em Israel e o conforto é suficiente já que o interesse é quase não ficar por lá. Um pouco mais pra frente – e ainda mais perto da entrada – há o Movenpick (5 estrelas com um preço bom, mas não tinha disponibilidade, é preciso reservar com antecedência) e o Petra Guest House que conheci apenas lá e fica praticamente na porta da entrada do Parque.

Caso opte por ficar no centro de Wadi Musa, há vários hotéis que oferecem transfer em alguns horários até a entrada do Parque e sempre há taxis disponíveis para a ida e a volta. A corrida custa uns US$5.

Se fosse hoje, escolheria o Petra Guest House, é bem bonitinho e a localização é imbatível.

– Onde comer:

Na rua de acesso ao Parque, há restaurantes simples de comida típica beduína e pratos rápidos. Dentro do parque há lanchonetes para um lanche à tarde ou um almoço rápido durante o passeio. Após o passeio, no fim da tarde/noite, vale a pena conhecer o restaurante Al Ghadeer Roof Garden que fica no terraço do hotel Movenpick e oferece uma linda vista e o Cave Bar, um bar bonitinho na entrada do Centro de Visitantes (do lado do hotel Petra Guest House) que ocupa uma caverna de 2000 anos.

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Como conhecer:

Para conhecer bem Petra e todos os seus melhores pontos, é preciso ficar, pelo menos, 2 dias. As atrações estão espalhadas por mais de 5 quilômetros quadrados e, especialmente no calor, as pausas para descanso em uma rara sombrinha são essenciais!

Além da possibilidade de fugir dos horários mais turísticos, outra vantagem de ficar mais tempo é o preço. Os ingressos para quem vai pernoitar na Jordânia são quase a metade do preço oferecido para quem vai fazer um bate-e-volta (há vários tours de um dia vindos de Israel e do Egito) e há opções de ingressos para múltiplos dias que permitem entrada e saída ilimitada do parque e valem muito a pena. A ideia, é claro, é fortalecer a economia da região.

 ** Para comprar o ingresso mais barato, leve o comprovante da reserva do seu hotel.

Quando fomos o preço do ingresso era 55 JD para 2 dias (para ter uma ideia, o ingresso do bate-e-volta era 90JD, o de 1 dia era 50JD e o de 3 dias 60JD), vale checar no site:

A dica mais preciosa dada pelo Faleh foi o roteiro. Chegamos numa sexta por volta de 11hs e íamos embora no domingo cedo. Ele nos indicou ir direto para Petra, sugeriu um itinerário de atrações e nos orientou a fazer tudo sozinhos, sem contratar nenhum dos inúmeros “guias” que ficam em todo o parque oferecendo visitas guiadas e transporte em camelos e mulas. Dessa forma iríamos aproveitar muito mais.

E foi isso mesmo que aconteceu. Pegamos um mapa no Centro de Visitantes e estávamos com um guia desses da Folha que tinha a explicação de cada uma das atrações. Segue abaixo o roteiro sugerido e, em seguida, a descrição dos nossos 2 dias pelas atrações principais:

Dia 01 – seguir pelo Siq com calma para apreciar o caminho até o Tesouro, visitar as atrações térreas (inclusive o teatro romano) até o início da Collonaded Street e voltar.

Dia 02 – acordar cedinho, passar pelo Tesouro para tirar foto rapidinho e seguir reto até o teatro. Visitar as atrações superiores (Royal Tombs) para ter uma vista geral do parque. Passar pela Collonaded Street até o fim (Great Temple). Começar a subida em direção ao Monastério (não “perdendo” tempo no Tesouro, onde estão a maior parte dos turistas, dá para pegar o Monastério praticamente vazio e também não enfrenta o calor bem na hora da subida). No retorno do Monastério, dá pra almoçar com calma, passar pelo Museu, Igreja Bizantina retornar com calma para o Tesouro.

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** Dicas para fotos: no início / meio da manhã ou à tardinha, com o sol inclinado, ficam em destaque as cores rosadas das rochas. Com o sol à pino, as rochas mudam de cor e ficam alaranjadas.

** Mais dicas do Faleh: Não é recomendável aceitar os transportes de cavalo, carruagem, camelo ou burro que são insistentemente oferecidos em todos os lugares do parque. Ele nos disse que teoricamente esse passeio não é permitido dentro do parque (a não ser para idosos e pessoas com mobilidade reduzida) e, por ser informal, não são raras denúncias de tentativas de “extorquir” o turista. O transporte à cavalo só é oficialmente permitido até a entrada do Siq e, quando se compra o ingresso está incluído este transporte do Centro de Visitantes até o começo do Siq (um percurso de 600m), mas ele recomendou também recusar este, pois o guia te enche tanto para oferecer o passeio interno que nem dá pra prestar atenção na paisagem do caminho.

Nós seguimos a dica dele até porque gostamos de andar para aproveitar o caminho. Não vou dizer que não é cansativo fazer tudo andando porque é, mas com um bom tênis e preparados psicologicamente para a “maratona” dá pra fazer numa boa. Se for enfrentar o transporte, prepare uma gorjetinha.

As atrações de Petra – Roteiro de 2 dias

Vou dar uma ideia dos principais pontos a visitar conforme o roteiro que fizemos, mas as atrações estão ao longo de todo o caminho, vale observar com calma, subir nas pedras para buscar outros ângulos, enfim, explorar mesmo o lugar!

PRIMEIRO DIA

Tudo começa pelo Siq. O Siq é o caminho que leva à entrada de Petra, tem cerca de 1,2 km. É um desfiladeiro estreito, com paredes avermelhadas altíssimas – atingem até 80 metros. No caminho há diversos vestígios do povo Nabateu, com destaque para as calhas escavadas nas paredes que preveniam enchentes e faziam parte do moderno sistema de abastecimento hidráulico da cidade.

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O caminho é longo e sinuoso e, a cada curva, o coração bate mais rápido: é a ansiedade de ver ao vivo a maior atração de Petra, o Al-Khazneh (Tesouro).

Finalmente, após uma das curvas, surge entre uma fresta do desfiladeiro, a paisagem mais esperada: aquele templo enorme que é infinitamente mais impressionante e grandioso do que eu imaginava. É bem difícil conseguir explicar, ficamos parados só olhando, mudos, por um tempão.

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O monumento é enorme, tem 30 metros de largura e 43 de altura e, por ter sido esculpido em uma enorme rocha, cada detalhe foi preservado da erosão e do desgaste do tempo. Naquela hora, no inicio da tarde, as rochas estavam intensamente alaranjadas. É daquele tipo de paisagem que não cansa olhar e que precisa ser apreciada por todos os ângulos possíveis!

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O nome vem de uma crença dos beduínos de que a urna esculpida em seu topo continha tesouros, porém, não se sabe exatamente qual foi seu real uso. Não é possível entrar no lá, mas nem precisa. Na hora pensei que, se a viagem acabasse ali, já estava satisfeita! Rsrsrsrs

Mas ainda tinha muito mais! Após mais uma caminhada, surgem os vestígios de uma cidade inteira escavada na rocha. A maior parte das construções eram tumbas, cuja grandiosidade era proporcional à importância social do sepultado. Os Nabateus eram beduínos que viviam em tendas então os monumentos eram construídos para homenagear os mortos, à semelhança dos costumes egípcios.

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Dá para subir nas diversas cavernas e apreciar o colorido natural das pedras, parecem pintadas à mão. No primeiro dia, percorremos este trecho até o Anfiteatro Romano, outra obra incrível esculpida na rocha que, estima-se, comportava 10.000 pessoas. Apesar de ter características romanas, o teatro foi construído antes do domínio romano. Os Nabateus, vale lembrar, eram nômades e trouxeram para Petra todo a influência arquitetônica dos lugares por onde passaram.

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Entramos pela lateral no teatro para conhecer a parte interna e depois e ficamos rodando pelas proximidades dele até o fim da tarde. Na volta, ficamos mais uns 10 minutos babando pelo Tesouro que, a esta hora, já tinha outra cor, um rosa tão intenso quanto o laranja que vimos logo na entrada.

SEGUNDO DIA

No segundo dia, voltamos bem cedinho para Petra. Mais uma caminhada, uma vista igualmente emocionante do Tesouro (com direito a mais uma pausa por lá, claro) e passamos rapidinho direto à região do teatro. Subimos no morro logo a frente dele para ter uma vista panorâmica e, em seguida fomos em direção às Tumbas Reais, que ficam um pouco mais acima.

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As tumbas foram construídas para o sepultamento de reis Nabateus. O que mais chama a atenção é a cor das pedras que, em virtude de várias reações químicas ocorridas ao longo do tempo, formam verdadeiras pinturas nas paredes. Há, ainda, resquícios da utilização do local como igreja na época da dominação dos bizantinos.

Descendo das tumbas, seguimos em direção à Collonaded Street, uma avenida com características típicas romanas com escavações arqueológicas dos dois lados. No fim da avenida chega-se ao Grande Templo. As escavações no local ainda estão em andamento para se identificar se o local era mesmo um templo ou se era a sede do governo Nabateu. Esse complexo é enorme e, segundo os arqueólogos, os espaços teriam sido cisternas, salas de banho, teatro etc.

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Há, um pouco mais à frente, dois outros templos, com destaque para o Qasr al Bint, que possui a maior fachada de Petra. Estes edifícios, diferentemente dos anteriores, não são esculpidos nas pedras, de forma que os desgastes do tempo são mais aparentes. Mesmo assim, as construções são lindíssimas e é possível entrar e conhecer melhor cada detalhe.

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Acabamos deixando para ficar lá mais tempo na volta, já que queríamos pegar o Monastério (Al-Deir ) vazio.

O Monastério é o segundo edifício mais conhecido de Petra, o maior de todos eles e o mais distante do portão principal. Diria que é tão impressionante quanto o Tesouro. Para se chegar lá são mais de 800 degraus e uma caminhada reforçada ladeira acima. Ao longo do caminho inúmeras barraquinhas de souvenirs (fiquei imaginando como essas pessoas subiam todo dia até lá para vender seus artesanatos e me sentia ridícula reclamando da minha única subida! rsrsr) e também muitas propostas de carona de mula até o topo que, seguindo os conselhos do Faleh, foram devidamente recusadas.

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Resistimos bravamente e finalmente chegamos! Como valeu a pena! A vista é tão fascinante quanto a do Tesouro, pois chega-se por trás do monumento, anda-se um pouco para frente e, ao virar para vê-lo, a surpresa é enorme! Mal dá tempo de recompor o fôlego perdido na subida …

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Do outro lado do monastério há uma lanchonete para sentar, apreciar a vista e recompor as energias para…..subir mais!! Isso mesmo! Há diversas plaquinhas que apontam para um morro acima e disputam o título de melhor vista de Petra.

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Já estávamos lá mesmo, não íamos desistir no finzinho né? Recuperamos o fôlego e fomos lá! A vista é realmente linda, compensa o esforço. Vale achar um lugar pra sentar e apreciar a paisagem…Nessa hora, meus pensamentos estavam todos voltados para a perfeição e grandiosidade das construções….tudo aquilo foi feito há mais de 3 mil anos!!!

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Descendo do Monastério, na base do morro, há um restaurante e a entrada para o Museu Arqueológico de Petra, com achados das escavações na região. É pequeno e vale a pena uma visitinha. A entrada é gratuita.

No caminho de volta também olhamos com mais calma as construções próximas à Collonade Street e fizemos um desvio para passar pela Igreja Bizantina, construída na época do domínio deste império.

Na saída, mais uma pausa para fotos no Tesouro para fechar a visita com chave de ouro!

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* O Parque oferece uma atração à noite chamada “Petra by night”: é um passeio pelo Siq até o Tesouro à noite. O Siq fica iluminado com velas e há uma apresentação de músicos. Não se entra em Petra, o ponto final é o Tesouro. O passeio não é feito todos os dias e enquanto estávamos lá não havia nenhum agendado (quando fomos, eles eram realizados nas segundas, quartas e quintas, vale conferir aqui).

Pelo que ouvi, não é nada imperdível e não precisa mudar todo o roteiro da viagem para para não perder essa atração, é bem turisticão mesmo. Considerando, porém, que não há muito o que fazer nesse horário na cidade, se houvesse disponibilidade enquanto estávamos lá, acho que teríamos ido sim…seria uma experiência a mais em Petra!

Segue uma foto do passeio que peguei no site do Parque:

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